domingo, 31 de agosto de 2025
quinta-feira, 31 de julho de 2025
Morfologia
A palavra morfologia tem origem no grego antigo:
Morphē (μoρϕηˊ): significa "forma", "aspecto", "aparência".
Logía (λoγιˊα): significa "estudo", "ciência", "tratado".
Assim, a etimologia de morfologia nos remete diretamente ao seu significado fundamental: o estudo das formas.
Aristóteles, em sua obra, especialmente em "Da Interpretação" e "Categorias", fez uma distinção fundamental para a análise da linguagem:
Ónoma (Nome): Aquilo que ele entendia como a palavra que designa uma substância ou um sujeito, algo que existe por si só. Isso se aproxima do que hoje chamamos de substantivo.
Rhema (Verbo): Aquilo que ele via como a palavra que expressa uma ação ou o que é predicado sobre o sujeito. Isso é o que hoje entendemos como verbo.
Ele também mencionou os syndesmoi (partículas), que eram uma categoria mais abrangente e incluíam o que hoje seriam artigos, pronomes, preposições e até mesmo conjunções. Sua preocupação era, em grande parte, com a lógica e como as palavras se relacionavam para formar um juízo verdadeiro ou falso.
O Desenvolvimento Posterior
A partir da base lançada por Aristóteles (e antes dele, por Platão, que também já havia feito a distinção entre nome e verbo), outros gramáticos gregos e romanos aprofundaram e expandiram essas classificações:
Estoicos: Eles contribuíram para a distinção entre classes variáveis e invariáveis de palavras.
Dionísio, o Trácio: No século II a.C., ele escreveu "A Arte da Gramática" (Τέχνη Γραμματική), uma das primeiras gramáticas sistemáticas que influenciou enormemente o estudo da linguagem no Ocidente. Essa obra classificou as palavras em oito classes, que foram passadas para o latim e para a maioria das línguas modernas, e são a base das classes que conhecemos hoje:
Nome (substantivo)
Verbo
Particípio (forma nominal do verbo)
Artigo
Pronome
Advérbio
Preposição
Conjunção
Portanto, enquanto Aristóteles deu os primeiros passos cruciais ao separar as palavras em categorias lógicas, foi ao longo da história da gramática grega e, posteriormente, romana, que as classes de palavras foram sendo refinadas e sistematizadas até chegarem à forma que reconhecemos na morfologia atual.
Inglês: Geralmente, o inglês é considerado ter 8 classes de palavras principais:
- nouns (substantivos),
- verbs (verbos),
- adjectives (adjetivos),
- adverbs (advérbios),
- pronouns (pronomes),
- prepositions (preposições),
- conjunctions (conjunções)
- e interjections (interjeições).
Alguns sistemas podem incluir "determiners" (determinantes, que englobam artigos) como uma classe separada, o que poderia elevar o número.
quinta-feira, 24 de julho de 2025
Tipos de acento e principais regras de acentuação da língua portuguesa brasileira
Na língua portuguesa, os principais "acentos" que utilizamos são, na verdade, sinais gráficos que indicam diferentes aspectos da pronúncia e da tonicidade das palavras.
São eles:
1. Acento Agudo (´)
Função: Indica que a vogal tônica (mais forte) da sílaba é pronunciada de forma aberta. Também serve para marcar a sílaba tônica em geral, seguindo as regras de acentuação.
Aplica-se a: Todas as vogais (a, e, i, o, u).
Exemplos: café, pé, lápis, avó, saúde, céu, herói.
2. Acento Circunflexo (^)
Função: Indica que a vogal tônica (mais forte) da sílaba é pronunciada de forma fechada. Também marca a sílaba tônica.
Aplica-se a: Apenas as vogais a, e, o.
Exemplos: você, avô, pêssego, lâmpada.
Observação: O Novo Acordo Ortográfico manteve o acento circunflexo em alguns casos de acento diferencial, como "pôde" (passado) vs. "pode" (presente) e "têm" (plural) vs. "tem" (singular).
3. Acento Grave (`)
Função: O acento grave não indica tonicidade ou abertura/fechamento de uma vogal por si só. Ele é usado exclusivamente para indicar a ocorrência da crase, que é a fusão da preposição "a" com o artigo feminino "a" ou com os pronomes demonstrativos "aquela(s)", "aquele(s)", "aquilo".
Aplica-se a: Apenas a vogal a.
Exemplos: Fui à feira. (a + a = à) / Refiro-me àquele livro. (a + aquele = àquele)
4. Til (~)
Função: O til não é considerado um acento gráfico no sentido tradicional de indicar a sílaba tônica. Ele é um sinal de nasalização, indicando que a vogal sobre a qual ele está (ou as vogais que ele afeta em ditongos) deve ser pronunciada com som nasal (parte do ar sai pelo nariz).
Aplica-se a: Apenas as vogais a e o.
Exemplos: pão, mãe, corações, põe.
Observação: Embora o til não indique a sílaba tônica por si só, a sílaba que o contém é frequentemente a tônica em palavras como "balão", "maçã", etc. No entanto, em palavras como "órgão" e "órfão", o til está na sílaba átona, e o acento agudo ou circunflexo indica a verdadeira sílaba tônica.
5. Trema (¨)
Função (antes do Novo Acordo Ortográfico): O trema era usado para indicar que a vogal "u" em palavras como "linguiça", "aguentar", "frequente" deveria ser pronunciada, mesmo estando depois de "g" ou "q" e antes de "e" ou "i".
Status atual: Com o Novo Acordo Ortográfico, o trema foi abolido da língua portuguesa no Brasil e em Portugal para palavras de origem portuguesa.
Exceção: Permanece apenas em nomes próprios estrangeiros e seus derivados (ex: Müller, mülleriano).
Exemplos (antes do Acordo): lingüiça, agüentar, freqüente. (Hoje: linguiça, aguentar, frequente).
É importante dominar o uso desses sinais gráficos, pois eles são fundamentais para a correta escrita e pronúncia das palavras em português.
A acentuação na língua portuguesa é um tema que pode parecer complexo, mas segue regras bem definidas, principalmente baseadas na sílaba tônica (a sílaba mais forte da palavra) e na terminação da palavra.
Com o Novo Acordo Ortográfico, algumas regras foram alteradas. Vamos às principais:
1. Palavras Proparoxítonas
Regra: Todas as palavras proparoxítonas são acentuadas.
O que são: São palavras cuja sílaba tônica é a antepenúltima.
Exemplos: médico, lámpada, árvore, máquina, rúreá, óculos.
2. Palavras Oxítonas
O que são: São palavras cuja sílaba tônica é a última.
Regra: Acentuam-se as oxítonas terminadas em:
-a(s): café, marujá, sofás, Pará.
-e(s): café, chimarré, vocês, avós.
-o(s): avô, jiló, vocês, dominós.
-em / -ens: também, armazém, parabéns, reféns.
Exemplos: café, vatapá, cipó, parabéns, ninguém.
3. Palavras Paroxítonas
O que são: São palavras cuja sílaba tônica é a penúltima.
Regra: Acentuam-se as paroxítonas que NÃO terminam em: -a(s), -e(s), -o(s), -em(ns).
Ou seja, acentua-se quando a terminação for:
-i(s): júri, táxi, lápis, grátis.
-us: vírus, lápis, bônus.
-l: fácil, amavel, carácter.
-n: hífen (mas "hifens" não tem acento), glúten.
-r: caráter, revólver, açúcar.
-x: tórax, ônix, fênix.
-ps: bíceps, fórceps.
-um / -uns: fórum, álbum, fóruns.
-ão(s) / -ã(s): órgão, órfão, ímã, órfãos, ímãs.
Ditongo oral (seguido ou não de "s"): história, geógrafa, série, área, mágoa, túnel, póneis, jôquei, industria.
Exemplos: táxi, lápis, fácil, vírus, tórax, órgão, história.
4. Monossílabos Tônicos
O que são: Palavras com uma única sílaba e que possuem tonicidade (pronunciadas com mais força).
Regra: Acentuam-se os monossílabos tônicos terminados em:
-a(s): dá, pás, há.
-e(s): pé, fé, mês.
-o(s): só, pó, nós.
Exemplos: chá, pé, só, nós.
5. Acentuação de "I" e "U" em Hiato
Regra: Acentuam-se o "i" e o "u" tônicos quando formam hiato com a vogal anterior e:
Ficam sozinhos na sílaba (ou seguidos de "s").
Não são seguidos de "nh".
Exemplos: saída, ruína, saúde, baú, caímos, juízes, raízes, faísca.
Casos que NÃO levam acento:
Se o "i" ou "u" forem seguidos de "nh": rainha, moinho.
Se o "i" ou "u" forem precedidos de ditongo em palavras paroxítonas: feiura (antes era feiúra), boiuno.
Se o "i" ou "u" forem seguidos de consoante que não seja "s": raiz, juiz.
6. Ditongos Abertos
Regra: Acentuam-se os ditongos abertos -éi, -éu, -ói apenas em palavras monossílabas e oxítonas.
Exemplos: anéis, papéis, céu, chapéu, herói, constrói.
ATENÇÃO: Não se acentuam mais os ditongos abertos em palavras paroxítonas (regra do Novo Acordo Ortográfico):
ideia (antes: idéia)
jiboia (antes: jibóia)
heroico (antes: heróico)
assembleia (antes: assembléia)
boia (antes: bóia)
7. Acentos Diferenciais (Restrições do Novo Acordo)
Com o Novo Acordo Ortográfico, a maioria dos acentos diferenciais foi abolida. No entanto, alguns foram mantidos:
pôde (passado do verbo poder) para diferenciar de pode (presente).
pôr (verbo) para diferenciar de por (preposição).
têm (3ª pessoa do plural do verbo ter) para diferenciar de tem (3ª pessoa do singular).
vêm (3ª pessoa do plural do verbo vir) para diferenciar de vem (3ª pessoa do singular).
Verbos derivados de "ter" e "vir" mantêm o acento diferencial no plural:
Ele contém / Eles contêm.
Ele intervém / Eles intervêm.
8. Acento Circunflexo em "êem" e "oo" (Abolido pelo Novo Acordo)
Não se usa mais o acento circunflexo em palavras terminadas em "-êem" e "-oo":
creem (antes: crêem)
leem (antes: lêem)
veem (antes: veem)
zoo (antes: zôo)
voo (antes: vôo)
enjoo (antes: enjôo)
É importante lembrar que a prática da leitura e escrita ajuda muito a fixar essas regras!
As oito regras principais de acentuação (monossílabos tônicos, oxítonas, paroxítonas, proparoxítonas, ditongos abertos, hiatos de "i" e "u", acentos diferenciais e a eliminação de trema/duplo "e"/"o") realmente cobrem a vasta maioria dos casos no português brasileiro.
Existem Outras Regras Além das 8 Principais?
As regras que você mencionou são, de fato, as gerais e mais abrangentes. Dentro delas, há algumas particularidades ou subtipos que podem ser considerados "outras" regras, mas que geralmente se encaixam nas categorias maiores. Por exemplo:
Acentuação de "i" e "u" tônicos precedidos de ditongo em palavras oxítonas: Embora a regra geral de hiato de "i" e "u" tenha tido mudanças para paroxítonas (como "feiura" sem acento), em oxítonas, eles continuam acentuados, como em Piauí ou tuiuiú. Isso é uma especificação da regra do hiato.
Acentuação facultativa de acentos diferenciais: Embora a maioria dos acentos diferenciais tenha caído, alguns permanecem, e há casos facultativos em que a palavra pode ou não ter o acento para diferenciar a pronúncia, como "forma" (molde) e "fôrma" (sentido de assadeira), ou algumas conjugações verbais como "cantamos" (presente) e "cantámos" (pretérito perfeito).
No entanto, a estrutura básica das palavras (monossílabas, oxítonas, paroxítonas, proparoxítonas) e as terminações que as regem são o coração do sistema de acentuação. As "outras" regras são mais como refinamentos ou exceções dentro desse sistema.
Diferenças Entre o Português do Brasil e o de Portugal (e Outros Países Lusófonos)
Sim, existem diferenças, mas o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, que entrou em vigor no Brasil em 2009 (e em Portugal em 1990, com um período de transição), teve como um de seus principais objetivos reduzir essas divergências e unificar a ortografia da língua portuguesa em todos os países que a falam (Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste, Brasil e Portugal).
Apesar do Acordo, algumas diferenças persistem, principalmente na pronúncia e, consequentemente, em alguns usos de acentos:
Acento Circunflexo vs. Acento Agudo:
No Brasil, palavras com vogal tônica fechada antes de consoante nasal (m/n) costumam levar acento circunflexo (ex: ônibus, antônimo, bônus).
Em Portugal e em alguns outros países, nessas mesmas palavras, é mais comum o uso do acento agudo, indicando uma vogal aberta (ex: ónibus, antónimo, bónus).
No entanto, palavras como âncora, âmbito e ânsia mantêm o circunflexo em ambos os países.
Palavras como bebê (Brasil) e bebé (Portugal) também mostram essa variação de acento e pronúncia.
Consoantes Mudas ou Não Pronunciadas:
Em Portugal, é mais comum a manutenção de consoantes "mudas" (que não são pronunciadas, mas permanecem na escrita), como o 'c' ou 'p' em palavras como facto, acção, óptimo.
No Brasil, essas consoantes foram geralmente eliminadas na escrita quando não são pronunciadas (ex: fato, ação, ótimo). O Acordo Ortográfico aceita ambas as grafias, dependendo da pronúncia regional.
Trema:
O trema (¨) foi abolido da ortografia brasileira pelo Novo Acordo Ortográfico (ex: "linguiça" em vez de "lingüiça").
Em Portugal, o trema já não era usado há muito tempo antes do Acordo, então essa mudança impactou mais o português do Brasil.
Acentos em Ditongos Abertos (ÉI, ÓI, ÉU) em Paroxítonas:
Palavras como ideia, heroico, assembleia perderam o acento no Brasil com o Novo Acordo. Essas palavras já não eram acentuadas em Portugal antes do Acordo, então essa foi uma harmonização.
Acentos em Vogais Dobradas (EE, OO):
O acento circunflexo sobre o "e" ou "o" em palavras com duplo "e" ou "o" (ex: "vôo", "enjôo", "crêem") foi eliminado em ambos os países pelo Novo Acordo Ortográfico (agora: voo, enjoo, creem).
Conclusão
Embora o Novo Acordo Ortográfico tenha sido um esforço significativo para unificar a escrita da língua portuguesa, algumas particularidades, especialmente as relacionadas à pronúncia e à tradição em cada país, ainda resultam em pequenas diferenças no uso dos acentos e na grafia de certas palavras. No entanto, as regras fundamentais de acentuação (monossílabos, oxítonas, paroxítonas, proparoxítonas, hiatos e ditongos) são, em sua essência, as mesmas em todas as variantes do português após o Acordo.
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